Bohumil Med. O que poderia ser “bohumil med”? Talvez um concorrente dos pneus “Pirelli”. Marca de óleo. Ou ainda, com as pílulas “bohumil med” você emagrece mais rápido. Poderia ser “você é burro” em alemão. E tantas outras coisas que minha criatividade não quer alcançar agora. Talvez, depois de escrever e reler seja fácil descobrir que Bohumil Med também pode ser o nome de um restaurante inglês no meio da Grécia, que na verdade nem serve comida inglesa, mas tem o mesmo charme da cozinha horrível de lá. E é claro, fica numa daquelas ruelas escondidas; salvo os turistas mais curiosos e sem sorte, só os ingleses que moram na Grécia e ainda mantêm o mau gosto nacional conseguem encontrá-lo.
Enfim, Bohumil Med também não é nome de remédio, nem de clínica. Bohumil Med é o meu professor de Introdução à Música 1. Mais do que isso, ele é um professor à moda antiga, um pouco conservador, bastante rígido com horários e, até por conseqüência disso tudo, um tanto quanto metódico. Ou seja, num contexto contemporâneo e simplificado, o cara é um terrorista. Fechamos agora nessa sexta-feira, a terceira semana de aula e o Bohumil já nos aplicou 7 testes escritos, sem falar nos testes orais e trabalhos de pesquisa.
Apesar de morar no Brasil há quarenta anos, o Bohumil ainda tem um sotaque forte de tcheco. E suas pronúncias peculiares constantemente ecoam nos meus ouvidos, antes de ir dormir: “múcico non tem férias... múcico non tem sábado, non tem domingo i non tem feriado!” Da primeira vez que eu tive o privilégio de ouvir essas palavras da boca do mestre, fiz questão de olhar no relógio, só pra conferir se estávamos mesmo em dois mil e cinco. Por outro lado, encarei como uma advertência um tanto quanto útil, já que os grandes gênios da música que hoje é chamada de clássica, realmente estudavam no mínimo oito horas por dia. Pressupus então, que o mestre só queria nos lembrar da importância da dedicação apaixonada, aquela que molda o bom músico.
Seguindo essa linha, a da dedicação apaixonada, descobri em poucos dias que minha vida já não era mais minha. Não era mais minha e, no entanto, também não era da música! Descobri, com certo terror, que minha vida era agora do Bohumil. E não adiantava olhar no relógio. Mesmo assim, olhando no relógio e conversando com alguns colegas veteranos, descobri que Bohumil começava o ano primeiro de seu reinado de três décadas. Trinta anos no departamento e ele não mudara seus métodos terroristas. Percebi que um reles plebeu como eu não tinha chance contra uma instituição tão arraigada, tão firme, tão sólida. O que faria eu diante do império “bohumílico”? Desta pergunta, mais uma luz iluminou meu pensamento. Apesar de ter sido mandado para a linha de frente, agora eu não lutaria nem a favor nem contra o império de Bohumil. E infelizmente, não poderia lutar pela música. Agora, o que importava era salvar minha própria vida.
Enfim, Bohumil Med também não é nome de remédio, nem de clínica. Bohumil Med é o meu professor de Introdução à Música 1. Mais do que isso, ele é um professor à moda antiga, um pouco conservador, bastante rígido com horários e, até por conseqüência disso tudo, um tanto quanto metódico. Ou seja, num contexto contemporâneo e simplificado, o cara é um terrorista. Fechamos agora nessa sexta-feira, a terceira semana de aula e o Bohumil já nos aplicou 7 testes escritos, sem falar nos testes orais e trabalhos de pesquisa.
Apesar de morar no Brasil há quarenta anos, o Bohumil ainda tem um sotaque forte de tcheco. E suas pronúncias peculiares constantemente ecoam nos meus ouvidos, antes de ir dormir: “múcico non tem férias... múcico non tem sábado, non tem domingo i non tem feriado!” Da primeira vez que eu tive o privilégio de ouvir essas palavras da boca do mestre, fiz questão de olhar no relógio, só pra conferir se estávamos mesmo em dois mil e cinco. Por outro lado, encarei como uma advertência um tanto quanto útil, já que os grandes gênios da música que hoje é chamada de clássica, realmente estudavam no mínimo oito horas por dia. Pressupus então, que o mestre só queria nos lembrar da importância da dedicação apaixonada, aquela que molda o bom músico.
Seguindo essa linha, a da dedicação apaixonada, descobri em poucos dias que minha vida já não era mais minha. Não era mais minha e, no entanto, também não era da música! Descobri, com certo terror, que minha vida era agora do Bohumil. E não adiantava olhar no relógio. Mesmo assim, olhando no relógio e conversando com alguns colegas veteranos, descobri que Bohumil começava o ano primeiro de seu reinado de três décadas. Trinta anos no departamento e ele não mudara seus métodos terroristas. Percebi que um reles plebeu como eu não tinha chance contra uma instituição tão arraigada, tão firme, tão sólida. O que faria eu diante do império “bohumílico”? Desta pergunta, mais uma luz iluminou meu pensamento. Apesar de ter sido mandado para a linha de frente, agora eu não lutaria nem a favor nem contra o império de Bohumil. E infelizmente, não poderia lutar pela música. Agora, o que importava era salvar minha própria vida.
4 comments:
E afinal de contas, você se salvou?
mais um membro da "Al Kaeda" (sei lá como se escreve essa porra) no Brasil, mais especificamente na UnB. Não estude que ele destrói seu império e ainda tira onda. O velho chuta-balde do departamento!!
cara ele é um grande músico, tem um livro de teoria formidável, você deveria dizer que tem sorte de ter aulas com o próprio.
Ei, anônimo! Se essa homenagem em forma de crônica no meu blog já não disse isso, digo agora: tive sorte de ter aulas com o mestre Bohumil.
Abraços!
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