Por que será que quando ouço ou leio a palavra
“fitopatologia” me dá um acesso de riso mental? É como se “fitopatologia” já
fosse uma crônica pronta, antes de ser escrita. Mas “nudez” não tem esse
efeito. “Nudez”, só de falar, já me sinto um pouco nu. O “palhaço” não me traz
nada de cômico. Mas “fitopatologia”...
Claro que existem contextos e além deles, outros contextos.
Em algum lugar, nos mistérios do absoluto, talvez não haja nenhum, mas seja lá
como for, as palavras sempre me dão a impressão de terem algo além dos seus
significados. Como se cada palavra tivesse um “marketing” próprio. Creio que
não funcione pra todo mundo. Sei que deve haver muitas pessoas que não vêem a
menor graça em “fitopatologia”. Tudo bem, elas não sabem o que estão perdendo.
De qualquer forma, independente da assertividade de uma
teoria do “marketing” das palavras, salta aos olhos a amplitude de cada
significante. Quer dizer, cada palavra tem seu mundo, que ultrapassa seu
simples significado, sua mera definição no dicionário. O que me fascina, é que com todos esses mundos e horizontes
pra combinar, são inúmeras as vezes em que não consegui me expressar através
deles. Apesar de óbvio, vez ou outra me surpreende o fato de que palavras não
bastam. Sinto isso quando tenho que dar “meus pêsames” à alguém. Sempre tenho a
sensação de que a pessoa vai mandar eu pegar meus pêsames e ir até aquele lugar
bem longe.
Foi por essas e por outras que resolvi ser músico. Independente
de música ser uma linguagem melhor ou não, cada linguagem serve pra um tipo de
comunicação. No meu caso, depois de ler alguns filósofos para me distrair,
descobri que devia falar menos e tocar mais. E ainda que eu tenha encontrado a
linguagem que me serve melhor, vivo buscando as notas certas e as sinfonias que
tocam na minha cabeça. Muitas vezes não me deixam nem dormir, como se houvesse
uma orquestra inteira tocando no meu quarto.
Entre as notas e as palavras, para finalizar, volto ao que
me fez escrever este texto. Eu estava na casa de uma amiga e ela perguntou,
procurando músicas no computador: “o que você quer ouvir?” Eu disse: “a
sinfonia do infinito” e ela disse: “o quê??” E respondi: “ah, coloca qualquer
coisa aí...”.
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