Monday, January 13, 2014

Histórias de neurônios



Era um neurônio antigo. A cada gole d’água, ele ativava:
- Glub, glub, glub...
Mas os outros diziam que não, que não era assim. O certo era “glomp”. Não tinha nada que ficar fazendo “glub”. Era “glomp”. Ele franzia a testa e eles tentavam pronunciar melhor: “É glomp! Glomp, glomp, entendeu? GLOMP!!”
Foi aí que ele parou de beber água com os outros. De vez em quando ainda perguntavam:
- Glomp...?
Ele balançava a cabeça negativamente. Reafirmava: “glub”. E continuava com o seu suco de laranja.
Mais tarde discutiram novamente, porque é claro que havia água nos sucos, como os de laranja, então era preciso um meio termo. Pelo menos um “glomb” ou um “glumb”. Mas “Glomb” era complicado, porque era terrível de engolir. E “glumb” só funcionava bem nas goladas rápidas, com muita sede, “glumb-glumb-glumb-glumb...”.
Um dia, finalmente encontraram algo entre o “glumb” e o “glomb”. Mas aquilo deu numa engasgada terrível, que quase matou a todos.
Com o tempo, concluíram que cada sede era uma sede em particular e passaram a se preparar melhor para o caso de terem que improvisar.
Mas até hoje discutem se deveriam realmente permitir o uso do “glamb”.

O tudo


Será que eras
alguém como tu
que ontem eras tudo que és
com o coração todo nu?

Hoje és mais do que consigo sentir.

E que a vida me dê tantos hojes
pra saber o tudo que és em ti.

Wednesday, January 08, 2014

Que eu canto


Em meus passos
havia razões e bobagens,
corações em partidas e chegadas
horários e atrasos das minhas viagens.

E eu fiz desse caos
uma música pra ti.

Os bons ritmos e os maus
me deram notas bonitas,
porque eu te vi.

Mas os passos meus 
foram a pedra artificial
que tão fora dos seus
dançaram afinal,
notas infinitas de uma paisagem
que eu canto na viagem.