Que a rudeza seja vermelha
e a pureza, ainda mais.
Porque o sol avermelhado,
abre no peito vias vermelhas,
da música que traz.
Porque os céus vermelhos,
são a beleza da sua verdade,
são vermelhos de paz.
Que a fortaleza, seja vermelha,
quando se machucam os joelhos,
que sangram felicidade.
Que seja vermelha a dança,
que seja a centelha, de uma esperança vermelha.
E seja vermelha a saudade
de cada palavra, com a força e a sinceridade,
vermelhas.
Oi pessoal! "Os que não foram fora" são os textos, poemas e poesias que sobreviveram à autocrítica. Sempre quis editar um livro mas vou escrevendo na mesma medida em que vou selecionando os textos e jogando alguns fora. Por essa e por outras, não consegui pensar num título que representasse um conjunto de poesias que eu queria editar. Foi quando me deram uma sugestão de título que eu gostei: "as que não foram fora".
Saturday, May 22, 2010
Tuesday, May 04, 2010
Salto
Lá do alto
o som ressoa a escalada.
De onde a vida dá um salto:
e o alto voa no nada
voa no alto de lá.
Tuesday, March 09, 2010
Sinuca do Chicão
O chefe disse que eu tinha um serviço e que era um dos complicados. É como dizem: alguém tem que fazer. Perdido, perguntei se ali era a sinuca do Chicão.
- Não é.
Antes que eu pedisse mais informação, me empurraram porta adentro e me deparei com um sujeito de chapéu, cara de poucos amigos e um cigarro de palha. Ele deu uma tacada e disse, em seguida:
- O Chicão está ali dentro.
Eu entrei, ainda um pouco atordoado. Antes de passar pela porta de metal pude ver que na cintura do sujeito de chapéu havia uma arma, provavelmente uma pistola semi-automática. Naquela saleta, logo pude ver um homem sentado atrás de sua mesa e senti como se meus pulmões tivessem tragado pelo menos vinte cigarros de uma vez só. A fumaça formava uma névoa tão densa que era difícil enxergar o rosto do homem. A luz do lugar não ajudava, já que eu estava a um metro daquela figura obscura e mal podia enxergar sua fisionomia. Perguntei:
- Você é o Chicão?
Aquele rosto indefinido deixou seu cigarro aceso no cinzeiro e deitou sua mão ao lado direito da sua poltrona. Foi quando percebi a presença de um cachorro enorme, bastante forte, claramente bem alimentado e disciplinado.
- Quem quer saber?
Antes de demonstrar meu descontentamento e irritação, lembrei-me da pistola na cintura do sujeito de chapéu. Pensando nisso e no tamanho do cachorro, me identifiquei como funcionário do Sr. Nantelli. O homem inclinou-se pra olhar minha identificação e voltou à posição inicial, com o braço repousado à direita. Mas antes de afagar a cabeça do cão, disse:
- Esse aqui é o Chicão.
Passou-me a coleira e advertiu:
- O Chicão tem quinze anos, é um matuto, velhaco, filho da mãe. Você entendeu?
Eu acenei com a cabeça que sim. Antes que eu pudesse dizer algo, o homem se adiantou e advertiu outra vez:
- Só banho e tosa. Nada daquele perfume que vocês colocaram da última vez.
Abrindo a porta, pude ver algumas lágrimas enchendo os olhos do homem. E pouco antes de eu fechar a porta, ele fez um aceno rápido, olhou para o cachorro e disse:
- Tchau, Chicão!!
Foi quando percebi porque chamavam a casa de “Sinuca do Chicão”.
Thursday, February 25, 2010
O vento
Era uma volta, de bicicleta.
Era uma volta, que ia a pé,
era uma volta, que às vezes, nem é.
Uma volta que,
completa,
ia daqui
até,
nem perto nem longe,
mas aí.
E a volta não há,
só há um vento que sopra
só pra ir
ou voltar.
O vento que faz a bicicleta voar.
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